Liberdades


Somos livres, somos pássaros, que voam sem destino, não precisamos de guia ou religiões, as companhias são momentâneas e passageiras para que não nos privem da nossa própria importância e singularidade.
Não somos de ninguém e ninguém nos pertence, porque somos livres. Possuímos o que quisermos, trabalhamos quando a necessidade o obriga, porque somos livres. Não acreditamos, não esperamos porque somos livres.

E, no entretanto, vão-se descamando pedaços de humanidade, restos de emoções que só nos livros se encontram já.

As liberdades são outras, vêm de sítios estranhos, inesperados, tantas vezes irreconhecíveis. Há liberdade na dança de um escravo, balançando em movimentos exteriormente despercebidos. E pode um homem do mar, limitado pela extensão do horizonte, ser um pobre encarcerado.
Há uma fonte de liberdade, tão conhecida e repetida como carente de ser verdadeiramente experienciada: o sonho. A liberdade manifesta-se, no seu estado puro, na capacidade de sonhar, de imaginar, de desfazer e refazer.


Como pode a autenticidade sobreviver perante a solidão, a efemeridade? Somos produtos das nossas relações, somos porque nos entregamos, porque esquecemos a razão, porque fazemos parte do pensamento de alguém e alguém pinta com cores o nosso sonho em rascunho, mesmo que não eternamente ou com a mesma notoriedade. Pode não ser igualmente entendido o poder de escolher fazer aquilo que o instinto contraria? A responsabilidade. O altruísmo. Somos, tantas vezes, a alma antes do corpo, a vontade antes da possibilidade. A crença não advém de uma religião, um culto que preenche, de um orador persuasivo, mas do momento em que o espírito é imenso e nenhuma barreira se lhe opõe e o imenso é terrivelmente assustador e desconhecido.



'Ser-se livre não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode.' Sartre, J.P




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