Monocromatismo

Cada ramo nu
rompe do tronco quente
com tal febre egoísta
que não sente
o coração trespassado em cru
adormecido no cansaço da agonia.

Vão-se esticando,
pobres pedintes gretados…
Mas só vêem inverno
e encolhem-se ao som do mestre
a vergastar suas superfícies descuidadas,
com ânsia de bravas correntes veneradas.

O silêncio dos estalos secos
é a prece onírica
a brisas louras e coradas,
de pétalas a resistir,
suspensas em fio carnal
que veste o veio de espírito
por onde respiram.
E essa flor desfila
no manto geado
com misterioso calor,
veste as cores da noite
porque dela rompeu
beijando as feridas de amor
no meu tronco variado.

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