Romantismos desta contemporaneidade

Andam  encantados com o fast-Tudo, tudo com textura plástica mas gosto incrivel. Os homens, esquecidos dos modos cavalheirescos, recebem alertas anuais ali perto do Entrudo, em que as ruas se mascaram de diferentes personagens. E colam-se finas camadas aveludadas, rendas trabalhadas e sugestivas sobre esse mesmo plastico, que cobre os hábitos de cada um. E parecem confiar exclusivamente numa indústria que lhes permita dar a entender e chegar a outro um sentimento.
Por negação, talvez, fecho os olhos, estendo os dedos e deixo as mãos olhar, sentir texturas naturais e perfumes menos estridentes. As mãos vão além da sua fisicalidade e tornam tangível a proximidade humana. E torneiam de tal maneira os mimos, deixando rastos e sorrisos a germinar em lembranças. Quem dera que houvesse mais tacto, que não injectasse um medo precoce de amassar, de chegar à vida e lhe dar forma. O romantismo é  dos corajosos, dos que não são comprados, mas confiam no seu olhar impresso e arrepiante, dando o seu pulso e honestidade.
Ninuém duvida da efemeridade de um excelente presente, inevitavelmente dispendioso e insistentemente não a contornam ou ultrapassam. E, fazendo uma rápida retrospecção, possivelmente não há recordações do que o laço escondia, porque esse podia ser de qualquer estranho... Mas a proximidade não é estranha, é expressão e partilha, mesmo silenciosa.
Deixemos-nos de romantismos de prateleira anuais, somente. São mais dias os outros. E agora que o pavio se esgota, deitar em momentos de veludo.

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